FLORIANÓPOLIS: A ILHA DA MAGIA

Rose da Luz

02-08-2021

FLORIANÓPOLIS: A ILHA DA MAGIA


Colonizada por imigrantes das Ilhas de Açores, no século XVIII, alguns bairros da ilha ainda guardam muito da cultura açoriana. Em Santo Antônio de Lisboa, um dos bairros mais antigos, juntamente com Ribeirão da Ilha e Lagoa da Conceição, os primeiros lotes de terra foram entregues a portugueses em 1698. As primeiras famílias açorianas chegaram apenas em 1748.

Caminhar por estes bairros é voltar no tempo, nas tradicionais vilas portuguesas que eram constituídas por uma praça, uma igreja mais ao alto, cercada de casas geminadas, uma ou duas ruas principais paralelas com o mar e umas poucas ruas transversais.

A famosa Lagoa da Conceição também preserva alguns casarios dessa época. As tradições pesqueira e religiosa ainda são bastante fortes. Dom Pedro II visitou a localidade em duas oportunidades: em 1845 e em 1861. Nesta segunda visita, o imperador presenteou a Igreja Nossa Senhora da Conceição, construída em 1750, com dois sinos, os quais ainda estão no local. Para subir até a igreja você poderá ir pela “Ladeira dos Escravos”, caminho de pedras construído para a visita de Dom Pedro.

Chegando ao centro da cidade, a arquitetura açoriana também é percebida, principalmente na Praça XV e nas ruas Conselheiro Mafra e Felipe Schmidt onde antigos casarios se transformaram em lojas.

A Catedral Nossa Senhora do Desterro foi edificada no mesmo local onde existiu uma antiga capela, erguida em 1678 pelo fundador da cidade, o bandeirante Francisco Dias Velho. A Catedral é patrimônio tombado pelo Estado e pelo Município.

O Jardim da Praça foi construído entre 1885 e 1887, recebeu árvores de grande porte, como palmeiras imperiais, fícus indianos e cravos da Índia, nesse conjunto de plantas estava a Figueira Centenária, considerada como um símbolo do local. Diz-se que ela nasceu em 1871 em um jardim que existia em frente à Igreja Matriz e que foi transplantada para o seu lugar atual em 1891, possivelmente para que se pudesse aumentar a escada que leva à catedral. Em 2014 foi finalizada uma restauração da Figueira com 143 anos, que lhe deu uma perspectiva de sobrevida de mais 150 anos.

Aliás, sobre a Figueira Centenária, há tradições folclóricas para quem a visita pela primeira vez:

1. Para boa sorte: os visitantes de mãos dadas devem das três voltas ao seu redor, em sentido anti-horário.

2. Para voltar a Florianópolis: dar uma volta na figueira;

3. Para quem desejar um relacionamento: duas voltas no sentido horário para namorar e três se for para casar.

4. Para realizar um desejo difícil: sete voltas.

OBS: Na dúvida, faça todas as voltas!

E por falar em tradições folclóricas, segundo os moradores, o apelido carinhoso de “Ilha da Magia” não se deve apenas à beleza exuberante do local, nem ao fato de que, ao conhecer Florianópolis a pessoa fica como que enfeitiçada e acaba por mudar-se para a ilha. Mas pelas lendas que contam sobre as bruxas que povoavam a ilha. Franklin Cascaes (1908-1983), no livro ‘O fantástico na Ilha de Santa Catarina’, reuniu 32 dessas lendas trazidas pelos açorianos para a cidade.

..."esta ilha, antiga Nossa Senhora do Desterro, mergulhava até há bem poucos anos atrás nas brumas das lendas de seres imaginári os: (...) feiticeiras, bruxas e embruxados que arrastavam suas sinas nas horas mortas da noite, pelas matas e na imensidão dos mares"... trecho do conto Balanço Bruxólico.

Outra destas lendas é sobre as Pedras do Itaguaçú, as quais possuem uma história bastante interessante para explicar as pedras no local, “organizadas” daquela maneira. Diz-se que existia um lindo gramado onde muitas pessoas descansavam. Em certa ocasião os Elementais resolveram fazer uma linda e grande festa, convidaram todos. Lá havia Bruxas, Boitatá, Saci, Curupira, Lobisomem entre outros. Só não convidaram o Tibinga (diabo), pois ele cheirava a enxofre e era muito feio. No dia da festa o Tibinga olhou para baixo e viu a festança. Por não ter sido convidado, de raiva, transformou todos os Elementais em pedras e o lindo gramado em mar.

A Lagoa da Conceição e a Lagoa do Peri, dizem, são na verdade resultado de um amor proibido entre a Bruxa Conceição e o índio Peri. Ambos foram proibidos por sua gente de ficarem juntos. As bruxas não aceitavam o índio entre elas e os índios, por sua vez, não queriam saber das bruxas. Assim, uma maldição das bruxas transformou Peri em uma lagoa, que quando olhamos no mapa, dá para perceber seu formato como o de um coração. Já a bruxa Conceição, desolada de tristeza, chorou tanto que acabou virando a “Lagoa da Conceição”

Segundo outros, até no mapa de Florianópolis é possível ver, disfarçada, uma bruxa. As bruxas têm feito parte da literatura oral em todos os lugares do mundo. Tudo o que não tinha uma explicação lógica, era explicado através do sobrenatural. Em Florianópolis, não foi diferente. Nos tempos antigos, sem luz elétrica e com o medo dos barulhos ouvidos na madrugada ou o mato se agitando por causa do vento, surgiam as histórias de que as bruxas andavam por perto, aprontando das suas.

Mas nem todos sabem destas lendas e histórias e vem a Florianópolis por outras razões, a principal delas, a belas praias da ilha.

As praias de Florianópolis recebem visitantes de todo o mundo. São cerca de 500 quilômetros de praias emolduradas pela Mata Atlântica e por lagoas. Apesar de 42 praias bem conhecidas do público, um mapeamento completo das praias da capital catarinense mostrou que há mais de 100 praias, além de uma dezena que não constaram dessa relação pois, de tão desconhecidas, não possuíam sequer uma denominação.

Talvez a mais famosa, Jurerê Internacional é comparada à Miami Beach pela badalação de seus restaurantes, bares, beach clubs, casas noturnas e outros estabelecimentos sofisticados, todos bem frequentados por celebridades, DJ’s famosos e público mais jovem. Ali encontram-se casas belíssimas e luxuosas, o que, segundo comenta-se, faz do local o metro quadrado mais caro do Brasil. Quem deseja luxo, mas não tanta badalação, tem a opção de ficar em Jurerê, chamada “tradicional” ou “velha”, porém, não menos ilustre, já que ninguém menos do que o renomado arquiteto Oscar Niemeyer desenhou o projeto, com destaque para as alamedas que levam até a praia.

Outra famosa no mundo dos surfistas é a Praia da Joaquina, palco de competições internacionais. Diz-se que foi assim batizada depois que uma mulher com esse nome morreu de tristeza em suas areias no século XIX, pela perda do seu amor naqueles mares.

Para finalizar nosso passeio por Florianópolis, voltamos nossos olhos para a Ponte Hercílio Luz, iluminada pelo pôr do sol, a noite calmamente chegando, as luzes da ponte se acendem e o cenário torna-se apropriado para desfrutar o resto da noite nos inúmeros bares e restaurantes na famosa noite de “Floripa”. Você já conhece Florianópolis? Conhece alguma lenda? E dos locais, qual é seu favorito?


Na próxima semana nossa viagem será para o nordeste do país, de onde anunciaremos uma boa notícia além de lhe para contar sobre Fortaleza. Não perca nossa viagem na próxima semana, desejamos muito sua companhia nesta aventura.



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